Dos exemplos que damos a nossos filhos

Eu parei de fumar!

É isso aí, pra geral que nem sabia que eu fumava, pa-re-i, PAREI, stop, adeus, zé fini.

Fumar sempre foi uma coisa muito legal pra mim, um raro prazer mesmo, como diria o publicitário de Carlton. Sou dessas que fala “não sou viciada, paro a hora que quiser“. Sim, é verdade, gente, juro por papai do céu.

Desde os 15 ou 16 anos que eu dou uns traguinhos. Nada muito sério. Nada muito constante. Só aqueles traguinhos vez ou outra. Aí, na faculdade, fumei mais, cheguei a comprar uns pacotinhos do cigarro mais baratão, já que não tinha dinheiro nem pra comer lanche na cantina da facul à noite.

Quando conheci meu ex-marido, lááááá no segundo ano da primeira graduação – santo deus, tô véia – parei de fumar. Ele não curtia, aí de bouas parei. Mas, virava e mexia eu dava uns traguinhos nos cigarros das amigues nos encontrinhos da galeire.

Aí veio gravidez, amamentação, gravidez, amamentação de novo. E nunca nem passei perto de cigarro. Esqueci que ele existia.

Até que quando me divorciei, em 2011, o bicho pegou. Aí, minha gente, o cigarrinho da vez ou outra virou companheiro de todo dia. Não dava pra passar por aquele perrengue, longe da família, sozinha com duas crianças na selva de pedras, trabalhando loucamente, comendo quase nada, quase anoréxica, vomitando mais que engolindo… não dava pra passar por aquilo limpa. E aí dá-lhe cigarro pra dentro.

Fumei, fumei, fumei. Ai, que delícia. Sinto até água na boca agora por me lembrar.

Até que nesses tempos voltei ao meu centro, me reconectei comigo, curei a maior parte de minhas feridas, resolvi um caminhão de pendengas emocionais e plim, acho que não quero mais fumar.

Comecei a pensar nos meus filhos. Puxa, se as crianças aprendem valores éticos a partir do exemplo que têm dentro de casa, oh Lord, o que será que elas aprendem ao me verem fumando tanto assim? Mamãe tá nervosa, fuma. Mamãe tá feliz, fuma. Mamãe fuma quando está com fome. Mamãe fuma quando está sem comer há um tempão. Mamãe tá sempre fedida de tabaco e nicotina. Mamãe tá detonando sua saúde. Mamãe tá sujando seu perispírito (essa só quem entende um pouquinho de espiritismo vai entender). Mamãe tá se permitindo jogar energia ruim pra dentro de seu corpo, que é morada do espírito santo, o sagrado que habita em nós.

E aí, por eles, por mim, por meu Deus misericordioso, pelos exemplos que dou ao mundo, pelos esforços que faço para mostrar aos meus filhos que sou uma pessoa bacana, assim, de um dia para o outro, peguei meu maço de Marlboro Light e picotei cigarro por cigarro no lixo do banheiro. Já se foram exatos 30 dias. Nunquinha, never more.

Se eu não sinto falta do cigarro? Claro que sinto! Se é fácil? Claro que não. Se eu não tive vontade de fumar de novo? Até hoje sinto!

Mas, meus caros, a vida é assim mesmo. Se a gente não se policia come demais e fica obeso ou morre com as veias entupidas. Se a gente resolve passar os dias dormindo em berço explêndido a vida passa e você não fez nada de útil. Se a gente não trabalha, mesmo à contra-gosto às vezes, não tem dinheiro pra pagar o mercado no fim do mês.

Tudo na vida é disciplina e atitude. Está em nossas mãos. Tenho certeza que ouvirei de muitos “ah, mas você pensa que é fácil?“; “é muito difícil”; “essa não é a hora, preciso me preparar para isso”. E eu lhes digo, podem chamar-me de dura, insensível, se quiserem: balela! Bullshit. Desculpa esfarrapada.

O mundo, minha gente, é de quem tem coragem. É de quem faz escolhas. É de quem corre pro X. É de quem mete a cara à tapa mesmo. Fácil não é não! Mas, está em nossas mãos. E por aqui, dia a dia, eu vou vencendo os meus cigarros, os meus chocolates, as minhas novelas, os meus maus pensamentos, os meus mimimis. E assim vamos caminhando!